terça-feira, 13 de março de 2012

Especial: The Last of Us

 Nunca um futuro pós-apocalíptico foi tão aguardado.

Filmes, livros, músicas e videogames. O cenário pós-apocaliptico nunca foi tão explorado como agora, e mesmo com uma imensidão de títulos para todas as formas de arte, ainda existem peças que se destacam entre a tonelada de lixo que existe para o consumo de quem é fã do gênero.

E é exatamente disso que se trata The Last of Us, o projeto mais ambicioso da Naughty Dog, empresa responsável por uma das séries mais emblemáticas do PlayStation 3 (e agora do PS Vita), a franquia Uncharted.

Até o final de 2011, a empresa não havia liberado nada sobre o game, e quando perguntados sobre novos projetos, falavam apenas de Uncharted, nada mais.


Foi quando em meio a uma apresentação no Video Game Awards de 2011, o mundo ficou sabendo da existência de The Last of Us. E de seus dois personagens principais: Ellie e Joel.

Confira o trailer legendado do game:


O trailer começa com uma visão do que parece ser uma paisagem campestre, com barulhos de grilo, o vento batendo nas folhas verdes, quando de repente a câmera recua e mostra um quarto destruído, com manchas de sangue na parede e um homem caído, morto. Ellie passa correndo pelo cadáver e sobe as escadas. No quarto do andar de cima, Joel, espanca um homem com um pedaço de madeira para se defender. A menina revista o corpo e encontra algumas cápsulas de munição. Nisso eles ouvem passos. As criaturas estão dentro da casa, e é melhor se esconder. “Essa é a nossa rotina”, diz Ellie no final do trailer, “tudo o que fazemos é sobreviver”, completa.

Mas o que aconteceu?

The Last of Us é um drama pós-apocalíptico, uma história de sobrevivência que tem como pano de fundo uma versão completamente detonada do planeta Terra, onde quase toda a civilização foi dizimada por uma doença.

A inspiração para tal moléstia vem da série britânica Planeta Terra, de 2007, do canal inglês BBC. Nessa espécie de documentário, o naturalista Sir David Attenborough mostra um fungo chamado Cordyceps, que infecta uma formiga amazônica. Esse fungo passa a controlar o hospedeiro de uma forma “zumbificante”, e força a formiga a escalar até o ponto mais alto que conseguir. Quando o objetivo parece cumprido, aí é que começa a proliferação: o inseto transforma seu corpo em um multiplicador de novos esporos.

Veja:


Além das formigas, outros tipos de insetos foram infectados com versões paralelas do fungo, dando origens a formas vivas bizarras que saem de suas carcaças mesmo após a morte.

No documentário, o narrador diz “Quanto mais numerosa a espécie se torna, maiores são as chances dela ser atacada por seu nêmese. Nesse caso, o fungo Cordyceps”, e foi aí que os produtores encontraram o vilão do game.

Os infectados são uma espécie de “zumbis” mais rápidos, com mutações grotescas manifestadas em seus rostos. Mas se você espera um típico jogo de ação, com munição infinita e muita tripa e sangue voando na tela, pode tirar seu cavalinho da chuva, o lance aqui é mais focado na trama entre os personagens do que em quem matar mais bichinhos do mal.

Os protagonistas

Neil Druckmann, Diretor de Criação de The Last of Us, em entrevista à PlayStation Official Magazine UK, revelou alguns dos segredos do jogo: “É uma história de amor. Não uma história romântica, mas uma história de amor entre esses dois personagens”. Mas quem são os protagonistas?

Joel é um cara maduro, por volta dos quarenta anos de idade, que conheceu bem o mundo antes do vírus, já Ellie, é uma adolescente que não deve passar dos 15 anos, e se lembra muito pouco de como eram as coisas antes da catástrofe biológica. Aparentemente, Ellie não é controlável, mas mesmo assim, carrega armas e suas ações influenciam o andamento do jogo.


Bruce Straley, a outra parte pensante do time da Naughty Dog, diz que o objetivo do jogo era contar uma história focada na atuação: “Percebemos que ninguém está fazendo jogos de sobrevivência focados nos personagens”, explicou, “E nós adoramos o gênero, adoramos assistir, adoramos jogar. Se conseguirmos fazer o que fizemos com Uncharted, seremos pioneiros”.

A escolha dos atores para as vozes dos personagens foi muito bem pensada. Para dublar Ellie, foi escolhida Ashley Johnson, de 28 anos e que trabalha com dublagem desde criança. O papel de Joel ficou com Troy Baker que, entre outros jogos, participou de Batman: Arkham City e Saints Row: The Third.

Fisicamente, nenhum dos dois atores se parecem com seus personagens mas isso não impediu que se identificassem de pronto. “Quando fiz o teste e vi o design da personagem, eu sei que pode soar estranho, mas tive a impressão de que ela era muito diferente de mim” diz Johnson, “este é o meu primeiro trabalho com videogames e é gratificante saber que vou interpretar uma personagem forte, durona e não apenas uma bunda e um par de peitos ambulante”.

O mundo como conhecemos – As influências

O jogo traz referências explícitas de obras literárias e cinematográficas. A principal é o livro (e posteriormente filme) A Estrada (The Road), de Cormac McCarthy, que conta a história de um pai e filho que vivem em um mundo pós-apocalíptico e desolado, assim como no game. No livro, a criança não chegou a conhecer o mundo como era antes, e o pai convive com a angústia de tentar fazer o melhor possível para dar uma vida digna ao menino. Outra referência escrachada é o filme Eu Sou a Lenda (I Am Legend), protagonizado por Will Smith. Nesse caso, a fotografia é o que mais chama a atenção. Podemos ver, tanto no game quanto no filme, as cidades completamente destruídas, com carros amontoados no meio das avenidas e florestas que crescem em meio aos arranha-céus. 

Cormac McCarthy também pode ser considerado como influência por seu romance Onde os Fracos não Têm Vez (No Country for an Old Man), roteirizado e transformado em filme pelos irmãos Coen. Isso fica claro nas declarações de Druckmann à PlayStation Official Magazine UK. “É um dos filmes mais tensos que conheço”, declara “e é tenso em relação ao que não está acontecendo. Essa foi outra grande inspiração: qual o mínimo necessário para contarmos uma história?”. 

Isso sem contar o sucesso atual The Walking Dead, série adaptada das HQs, que conta a história de Rick Grimes, um policial que após ser baleado e entrar em coma, acorda em meio a um apocalipse zumbi. O que aproxima essa série do game é o foco que é dado no relacionamento familiar de Grimes com sua esposa e filho. 

O Dia Depois de Amanhã

Ainda sem data definida para lançamento, pouco se sabe sobre The Last of Us. O que sabemos é que será um jogo em terceira pessoa, que será ambientado em várias cidades dos Estados Unidos e que sim, é um jogo focado na história, em relações humanas e nos personagens. O fungo, os infectados, isso tudo é o pano de fundo.

E Druckmann define isso com a seguinte frase: “Para mim, a definição de uma história é ter um personagem totalmente mudado, de forma irreversível, no final.”.

Palmas para a Naughty Dog.


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