A popularização dos tablets, smartphones e leitores digitais abriu uma
nova fatia do mercado para quadrinhos digitais. As editoras têm
investido muito nesta vertente, mas ainda são poucos os leitores que
realmente abriram mão dos quadrinhos físicos. Afinal, qual dos dois
funciona melhor e como as principais publicações se adaptaram ao mercado
digital?
Recentemente, a Marvel Comics lançou linha chamada Infinite Comics, com quadrinhos disponíveis exclusivamente para o mercado digital. Os leitores podem comprá-la através de um app
online, que também oferece versões digitais dos quadrinhos disponíveis
em bancas. Além disso, o lar do Homem-Aranha, Hulk e companhia também
lançou Marvel AR, aplicativo de Realidade Aumentada que permite ter acesso a conteúdo extra nas revistas, como making of, novas imagens e comentários dos criadores.
Enquanto isso, a grande concorrente da editora, a DC Comics ,
também começou a investir pesado na nova mídia. Desde que reformulou
suas séries mensais, em agosto do ano passado, a editora do Superman e
Batman começou a disponibilizar as HQs digitais no mesmo dia em que as
físicas eram lançadas nas lojas.
É esse tipo de iniciativa que fez Marcio Takara , desenhista de Blue Beetle (Besouro
Azul), parar a leitura convencional e adotar o tablet. "Eu acho ótimo
ler pelo iPad, por causa do tamanho e das cores, que não sofrem
alteração na imagem. Por ocupar muito espaço, parei de guardar revistas
comigo. O formato digital é perfeito para mim! Zero espaço físico! Nos
últimos meses, só tenho lido HQs pelo meu iPad", contou Takara.
Rod Reis , colorista de séries como Aquaman e Nightwing
(Asa Noturna), também faz parte do time dos que trocou o meio físico
pelo digital e acredita em uma revolução no mercado. "Nele (meio
digital), você pode dar zoom na página e ver os detalhes, além de apps que
guiam o leitor quadro a quadro. No tablet, você pode apreciar a arte de
uma forma diferente porque você vê de forma mais nítida e com mais
detalhes. Acredito que o impacto dessa 'Era Digital dos Quadrinhos' vai
ser tão grande que a própria maneira de fazer quadrinhos vai mudar um
pouco para se adaptar à nova mídia."
Quem também endossa o coro do meio digital é um dos desenhistas de Deathstroke (Exterminador), Eduardo Pansica ,
por ser ecologicamente econômico: "a questão ambiental pode fazer as
pessoas trocarem o papel pela adesão do tablet. Hoje, elas podem ter o
mesmo conteúdo digitalmente sem a necessidade de usar uma árvore
sequer."
Porém, mesmo com essas vantagens, Adriana Melo , responsável pela arte de Birds of Prey
(Aves de Rapina), não conseguiu abrir mão da leitura dos quadrinhos
físicos por considerar o contato muito "frio" entre o leitor e obra.
"Sou maluca por tecnologia, gadgets, uma Apple-lover
assumida! Mesmo assim, acho que nada ainda substitui a revista de papel e
aquela sensação de tê-la em mãos, com cheirinho de nova, recém-tirada
do pacote! Curto as duas formas de leitura, mas ainda prefiro a leitura
com os exemplares físicos."
Júlio Ferreira, arte-finalista das HQs Stormwatch, Demon Knights e Catwoman
(Mulher-Gato), também alerta para as desvantagens, principalmente para
os marujos de primeira viagem. "Você tem que tomar um cuidado extra com o
manuseio do seu suporte de leitura. Ocasionalmente há problemas de
reflexos na tela, comandos involuntários para os menos treinados e
coisas do tipo. E leitura por smartphones é mais complicado ainda por
causa do tamanho. Só dá para ler um quadrinho de cada vez, no modo
automático ou dando zoom e a experiência geral de se ler uma página de
quadrinhos se perde".
Além disso, o mercado de quadrinhos digitais ainda não é muito aberto
para o público brasileiro. Todos os aplicativos de leitura das editoras
estão em sua língua original (inglês) e não existe a possibilidade de
selecionar um idioma diferente.
E você, já leu quadrinhos pelo tablet ou celular? Qual a melhor leitura?
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