Round 1, Fight!
O primeiro Street Fighter surgiu nos arcades japoneses em 1987. Neste jogo você controlava o karateka Ryu, que viajava pelo mundo enfrentando os dois melhores lutadores de cada país, sempre procurando por oponentes mais fortes até encontrar o campeão tailandês Sagat. Como podemos ver, muda o chefão, mas o enredo se repete até hoje. Mesmo assim, não se engane: essa “busca pelo mais forte” é um dos poucos elementos que se manteve constante nos últimos 25 anos – ainda bem, pois a estreia da franquia estava longe de ser um sucesso.
Street Fighter |
A disputa mano a mano entre dois jogadores, grande inovação do primeiro Street, colocava o segundo player no comando do americano Ken, idêntico a Ryu, mas com outra paleta de cores. A novidade causou curiosidade, mas esbarrou em um defeito terrível para qualquer jogo de luta: a jogabilidade. Os comandos eram bastante complexos se comparados aos títulos de luta da época (como Yie Ar Kung Fu, por exemplo). Para piorar, os personagens andavam saltitando e os controles respondiam mal, o que comprometeu o sistema de execução de golpes baseado na combinação de movimentos com o joystick + algum botão de ataque: executar um simples hadouken era mais uma questão de persistência do que habilidade.
Por todos estes fatores, o game não chegou a impressionar, fazendo com que o jogo ficasse praticamente restrito ao oriente. Mas a Capcom reconheceu o potencial dos seus personagens e voltou à prancheta, esboçando o game seguinte – e este sim iria revolucionar a indústria.
Here comes a new challanger!
Quando a continuação chegou, em 1991, o jogo havia sido repaginado. Agora você podia escolher o seu personagem, e o rol de lutadores era bem extenso para os padrões da primeira metade dos anos 1990: oito competidores, com estilos bem diferentes, que mudavam totalmente a forma de encarar as lutas. Para completar, a Capcom foi muito feliz ao definir o elenco. Seus personagens iniciais foram (e são até hoje) os mais carismáticos já vistos em um game do gênero.
Street Fighter II |
O grande problema de Street Fighter II é que havia alguns bugs que causavam o travamento da máquina. Mas a principal reclamação dos jogadores era a impossibilidade de se selecionar os chefões, o que foi resolvido em 1992 com a versão seguinte, Street Fighter II Champion Edition, que, como o próprio nome diz, era digna de campeões.
Street Fighter II: Champion Edition |
Em 1993, uma nova edição, Super Street Fighter II, chegou aos arcades trazendo quatro novos brigões (Fei Long, T.Hawk, Cammy e Dee Jay), o que elevou o rol de lutadores para 16. Para completar, o sistema de pontuação foi refeito, enfatizando ainda mais as sequências de golpes – isso deixou o jogo mais técnico e competitivo. Porém, as lutas eram mais lentas que as da versão anterior, o que foi corrigido em fevereiro de 1994, com o lançamento de Super Street Fighter II Turbo, que trouxe melhorias como os Super Combos, golpes especiais que podiam ser feitos quando a barra de poder localizada no canto inferior da tela estava cheia, além da presença do chefão secreto Akuma.
Street Fighter II Akuma
Esta, sem dúvida, foi a versão definitiva de Street Fighter II, tanto que os remakes da saga foram todos baseados no Super Turbo: a versão “Hyper”, que comemorava os 15 anos da série e saiu para o Playstation 2 em 2003; e a HD Remix, que teve distribuição digital em 2008 para as redes dos consoles da Sony e Microsoft, trazendo gráficos redesenhados para televisores de alta definição e jogabilidade repaginada.
Olhando para o passado
A essa altura, Street Figther era mais do que uma franquia de jogos eletrônicos – a marca havia virado um fenômeno cultural, e o rosto dos seus personagens estava estampado nos mais variados produtos. A popularidade individual dos lutadores chegava a rivalizar com a da própria série. Porém, mesmo com a força da identidade visual da marca, faltava profundidade para o enredo – o único elo entre os protagonistas era o chefão final, o que parecia pouco diante das tramas mais elaboradas apresentadas nos títulos da SNK e até mesmo no pastiche Mortal Kombat.
A resposta para isto estava no passado. A Capcom investiu numa interquel, uma trama que se passa entre o primeiro e o segundo torneios de Street Fighter, para contar melhor a história da saga, fortalecendo os laços entre os seus personagens – surgiu assim o arco de histórias Alpha (Zero, no Japão) em 1995.
Street Fighter Alpha |
Em termos gráficos e no gameplay, a série Alpha foi bastante influenciada por outro game da Capcom, o Darkstalkers. O visual dos personagens foi cartunizado, e vários novos elementos foram incorporados ao jogo, como os Alpha Counters, especiais com três níveis de poder e a defesa aérea. Foi a primeira grande mudança na jogabilidade da franquia em quatro anos, mas o sistema agradou e se mantém atual até hoje, apesar de incentivar os jogadores retranqueiros.
O jogo foi atualizado em 1996, com Street Fighter Alpha 2, que trouxe mais personagens jogáveis e introduziu os Custom Combos, permitindo que o jogador criasse suas sequências especiais em vez de utilizar os supercombos padronizados. A evolução continuou e, em 1998, chegou Street Fighter Alpha 3, que “reinventou a novidade” ao apresentar três modos de jogo (os ISM): clássico, semelhante a Super Street Fighter II; normal, como os demais jogos da série zero; e variável, com os Custom Combos. Havia também uma barra de defesa, permitindo que um personagem quebrasse a guarda do oponente após atacar sucessivamente – era o fim da retranca! O rol de lutadores foi novamente expandido, especialmente nas versões domésticas, que contaram com personagens exclusivos.
Street Fighter Alpha 3 |
De volta para o futuro
Depois dos games Alpha, a série deu um salto no tempo para mostrar o futuro dos seus personagens. Quer dizer, ao menos de alguns: Street Fighter III, lançado em fevereiro de 1997, deixou de lado praticamente todo o elenco conhecido, preservando Ryu e Ken e adicionando uma série de novos lutadores, como o "bad boy" Sean, o monstro russo Necro, a capoerista africana Elena e os gêmeos do Kung Fu Yun e Yang.
Esta pode ter sido a mudança mais óbvia, mas acredite, não foi a única e também está longe de ser a mais significativa. Para começar, graças ao poder da placa CPSIII da Capcom todos os personagens (velhos e novos) receberam mais quadros de animação do que em qualquer outro jogo da franquia, fazendo desta a versão 2D mais bonita de todos os Street Fighters até então.
Street Fighter III |
Mesmo assim, a recepção foi morna, e como o hardware sofisticado da máquina era caro, ela acabou sendo vista em poucos (e bons) fliperamas. A Capcom, claro, tentou novamente, e em outubro do mesmo ano lançou SF III 2nd Impact, adicionando os personagens Urien (clone do chefão Gill); Akuma, sempre um favorito dos fãs; e o wrestler Hugo, baseado no capanga Andore, de Final Fight.
Em 1999, saiu SF III 3rd Strike, simplesmente um dos melhores games a receber o nome “Street Fighter” até hoje. A esta altura, os personagens novos – mesmo sem ter o carisma do elenco de 1991 – já não pareciam tão estranhos assim, e o público hardcore já havia dominado e aprovado as novas mecânicas, fazendo com que o lançamento tivesse grande aceitação entre os jogadores do cenário competitivo, onde se mantém como um favorito até hoje – tanto que alguns dos melhores duelos entre players profissionais do esporte eletrônico se deram neste game.
Street Fighter III - Daigo
A galeria de lutadores da série também foi expandida, já que 3rd Strike trouxe de volta a chinesa Chun Li, mas também adicionou um “clone” de Guile (Remy), a karateka Makoto (adepta do Karate-Do, em vez do shotokan de Ryu e Ken), o metamorfo Twelve e o misterioso Q que, graças aos ports domésticos, sairam dos arcades e invadiram os lares dos jogadores. Quem abraçou a mudança pôde aproveitar um jogo fantástico, embora exigente e com uma curva de aprendizado complicada – por isso mesmo, muitos gamers sentiram falta de uma jogabilidade tradicional. O título seguinte da franquia, porém, chegou quase uma década depois.
Presente indestrutível
Um hiato de nove anos não foi suficiente para abalar o fervor do público por um novo Street Fighter: SF IV chegou aos arcades em 2008, ganhando versões domésticas no ano seguinte que, juntas, venderam mais de um 1,1 milhão de cópias. O segredo deste sucesso foi a volta às origens, a fusão entre o clássico e o moderno.
Street Fighter IV - Abertura
Da parte clássica, temos a volta de muitos personagens queridos dos fãs antigos, que mantiveram seu visual tradicional mesmo com a nova modelagem em 3D. Acabou o rushdown maluco do SF III e as lutas se tornaram mais cadenciadas, voltadas para o jogo de ataque e defesa – ao contrário da versão anterior, SF IV enfatizava mais o mind game do que os reflexos dos jogadores. Se Street III lembrava um filme de kung fu, com ataque desenfreado e defesa fluida, o quarto jogo se assemelhava a uma luta de boxe, onde prever os movimentos do adversário é tão ou mais importante do que ter habilidade nos botões.
As novidades foram a inclusão do sistema de Focus, que permite defletir ataques do oponente e ainda estender combos graças a sua propriedade de ser cancelado com uma corrida curta – o famoso FADC (Focus Attack Dash Cancelling). Outra boa inclusão foi o sistema de “revenge”, uma barra que enche conforme o seu lutador apanha e permite a realização dos Ultra Combos, golpes que podem mudar o resultado dos rounds.
Mas Street IV não seria um game da Capcom caso não recebesse atualizações, correto? E elas não tardaram a aparecer: em 2010 saiu Super Street Fighter IV, que melhorou o que já era bom, aumentou a quantidade de lutadores e trouxe alguns resquícios de Street Fighter III, como a capacidade do jogador escolher o especial do seu personagem antes da luta.
Super Street Fighter IV |
Como pudemos ver, Street Fighter se tornou o que é graças a uma combinação de mentes visionárias, insistência e trabalho duro, conquistando merecidamente uma fanbase eufórica, sempre ávida por novidades – mesmo quando elas vêm rápido demais. Por enquanto, Super Street Fighter IV AE v. 2012 é o último lançamento com os guerreiros da Capcom, mas se depender dos jogadores, Street certamente terá continues infinitos!
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